Apesar de não ser tão comum, as crianças também podem apresentar nódulos tireoidianos. A Dra. Patrícia Künzle esclareceu sobre o tema e afirmou que esses nódulos na infância são raros, mas apresentam maior risco de malignidade do que em adultos (22-26% vs 5-10%). No entanto, ela ressaltou que o prognóstico, no geral, é bom.
Segundo a médica, a prevalência de nódulos da tireoide em crianças menores gira em torno de 1-1,5% e, em adolescentes, em torno de 13%. “A incidência de câncer de tireoide tem apresentado uma tendência de elevação ao longo dos anos e, em 2018, foi de 12,4 casos: 1.000.000 indivíduos até 20 anos de idade, considerando ambos os sexos. A incidência é maior no sexo feminino, atingindo 5 meninas : 1 menino na adolescência.”
Diagnóstico e Abordagem com os Familiares
Dra. Patrícia explicou que, em geral, o diagnóstico de câncer de tireoide em crianças, assim como em adultos, é feito após a detecção de um nódulo cervical, seja ele na tireoide ou um aumento de um linfonodo (adenomegalia) cervical por metástase do tumor tireoidiano.
Ela informou que detectado o nódulo cervical, o paciente deve ser submetido a um exame ultrassonográfico da tireoide e da região cervical e à punção biópsia aspirativa com agulha fina (PAAF) do nódulo e do gânglio suspeito, se presente. “É através do laudo citológico que é feita a suspeita de um câncer de tireoide, diagnóstico que deverá ser confirmado, após a cirurgia, pelo exame anatomopatológico.”
A especialista salientou, ainda, que todo diagnóstico de câncer, seja em crianças ou adultos, deve ser dado ao paciente e à família com muito cuidado, mas abordando todos os aspectos diagnósticos, terapêuticos e prognósticos. “Todas as dúvidas devem ser sanadas. Se necessário, os pais e o paciente devem receber apoio psicológico”, destacou ela.
Segundo a Dra. Patrícia, o diagnóstico de um câncer de tireoide, assim como de outros tumores malignos, pode trazer sintomas psicológicos como ansiedade e depressão, o que diminui a qualidade de vida do indivíduo. “Em crianças, estes sintomas, associados à necessidade de consultas frequentes para assistência médica, pode acarretar problemas escolares. Além disso, são pacientes com uma exigência de tratamento vitalício com hormônio tireoidiano, medicação esta que deve ser tomada em jejum e diariamente, o que também diminuiu a qualidade de vida.”
Outro ponto destacado por ela é que o tratamento hormonal excessivo ou insuficiente também pode levar a vários sintomas (sonolência, agitação, alterações de hábito intestinal e de apetite, etc), alteração na velocidade de crescimento e dificuldades escolares. A médica destacou que, se necessário, o tratamento com iodo radioativo também pode trazer consequências a longo prazo, como o risco do desenvolvimento de uma segunda neoplasia.
Causas e Prevenção
Na grande maioria dos pacientes, não existe uma causa específica para o câncer de tireoide, mas existem alguns fatores de risco associados ao seu desenvolvimento, sendo os dois principais a exposição à radiação e a predisposição genética.
A médica explicou que os efeitos adversos da exposição à radiação são muito maiores em crianças do que em adultos e elas desenvolvem tumores relacionados à radiação com maior frequência do que os adultos por uma série de razões.
- Seus tecidos estão crescendo e as células se dividindo mais rapidamente, tornando-os mais sujeitos aos efeitos mutagênicos da radiação ionizante.
- A utilização protocolos de tomografias computadorizadas semelhantes aqueles usados em adultos, o que leva a uma maior exposição à radiação de seus órgãos, que obviamente são menores do que os de adultos.
- Além disso, o potencial carcinogênico da radiação parece continuar ao longo da vida, e as crianças têm uma expectativa de vida longa, durante a qual os cânceres induzidos por radiação podem se manifestar. Desta forma, uma maneira de diminuir o potencial risco de desenvolvimento tumoral, seria a utilização de protocolos específicos para cada idade na realização de exames radiológicos.
Predisposição Genética
Dra. Patrícia destacou que há algumas síndromes hereditárias associadas a diferentes mutações gênicas e que levam a predisposição para o desenvolvimento de nódulos e câncer de tireoide. Entre elas há a Polipose Adenomatosa Familiar (Síndrome de Gardner), a Síndrome de Hamartomas Múltiplos (PTEN ou Síndrome de Cowden), a síndrome associada à mutação no gene DICER1 e o complexo de Carney, associados aos tumores diferenciados de tireoide.
Já a Neoplasia Endocrina Múltipla Tipo 2, associada a mutações no proto-oncogene RET, leva ao desenvolvimento do carcinoma medular de tireoide. Deve ainda ser mencionado que em 5-10% dos casos, o carcinoma tireoidiano não medular pode ser familiar, mesmo não fazendo parte de uma síndrome genética.
“Infelizmente, não existe uma forma de prevenir nódulos ou câncer de tireoide. Na população em geral, o exame físico é essencial e sempre deve ser realizada a palpação tireoidiana e pesquisa de adenomegalias. Não há indicação da realização de ultrassom de tireoide como forma de triagem de nódulos tireoidianos em todos os indivíduos. Este exame tem sua indicação apenas naqueles pacientes com maior exposição à radiação, como em crianças submetidas à radioterapia cefálica ou cervical ou de corpo total para tratamento de outras neoplasias, principalmente quando em idades mais precoces, e naqueles portadores de Polipose Adenomatosa Familiar e síndromes relacionadas à mutação no PTEN.”
A médica explicou, também, que ainda há questionamentos quanto à triagem de nódulos tireoidianos por ultrassom naqueles pacientes com história familiar de câncer de tireoide, apesar de o exame parecer diminuir o tamanho dos tumores ao diagnóstico, a taxa de metástases ganglionares e de extensão extratireoidiana, o que melhoraria o prognóstico destes pacientes. No entanto, ainda existe dúvida quanto ao número de indivíduos acometidos por câncer tireoidiano em uma mesma família que indicaria que realmente são casos de tumores familiares.
“O ultrassom de tireoide e cervical também deve ser realizado em casos de tireoidite de Hashimoto na suspeita de nódulos ou com assimetria glandular, e, obviamente, na presença de linfoadenomegalias, mesmo na ausência de nódulos tireoidianos palpáveis.”
Tratamento
A terapia baseia-se na tireoidectomia, que - em crianças e adolescentes - costuma ser total. Nesse caso, o paciente deverá receber reposição hormonal para o resto da vida (tratamento com levotiroxina).
Mais recentemente, a exemplo dos adultos, tem-se questionado se uma abordagem cirúrgica menos agressiva, como a tireoidectomia parcial (hemitireoidectomia), que poderia ser suficiente para o tratamento de tumores menores, restritos à tireoide e sem acometimento ganglionar concomitante.
“Nos tumores mais avançados, já com acometimento ganglionar, além da tireoidectomia total é indicado o esvaziamento ganglionar cervical. Após a cirurgia e, dependendo do estadiamento tumoral, pode ou não ser indicada a terapia ablativa ou terapêutica com iodo radioativo”, explicou a médica.
A especialista finalizou enfatizando que o câncer de tireoide, apesar de ser um diagnóstico que pode causar pânico aos familiares, costuma ter um excelente prognóstico, especialmente em crianças. “Apesar de, em geral, a apresentação clínica inicial ser mais avançada em crianças, com maior frequência de acometimento linfonodal e metástases pulmonares do que em adultos, existe menor risco de morte pela doença (<2% mortatlidade a longo prazo)”, concluiu.
Atualizada em: 27/12/2021
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